Transtornos dos sons da Fala

(Apraxia de Fala na Infância, Atraso Motor da Fala,
Transtorno Fonológico, Transtorno Fonético)

Transtornos motores de fala

(apraxia de fala na infância e atraso motor de fala)

O Sistema de Classificação dos Transtornos dos Sons da Fala (Shriberg et al.,
2010, Shriberg et al., 2019a) categoriza os transtornos motores da fala em 4 tipos:
apraxia de fala na infância, disartria infantil e atraso motor da fala.

O que são?

A apraxia de fala na infância é um distúrbio neurológico que afeta a área motora na fala e, por isso, há a inabilidade da criança em produzir e sequencializar os sons da fala.

A criança sabe o que deseja comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos/gestos motores da mandíbula, dos lábios e da língua para produzir sons, formar sílabas, palavras e frases.

O atraso motor de fala (AMF) ocorre por falhas na etapa de execução e pode ser caracterizado por imprecisões, fala instável, alterações de voz e prosódia, sendo o transtorno motor de fala mais comumente observado.

Quais os sinais?

Na apraxia de fala na infância:

1- Produções inconsistentes de consoantes e vogais na repetição de sílabas ou de palavras. A criança fala a mesma palavra de diferentes maneiras quando é solicitada a repeti-la várias vezes. Por exemplo: para a palavra “sapo”, pode fala tapo, caco, poca….

2- Presença de acentuação inapropriada em palavras e frases (alteração prosódica), afetando a entonação e o ritmo da fala. A criança fica com uma fala mecanizada, o que dificulta a compreensão e causa estranheza para quem escuta. Por exemplo: para a palavra “pato” o pedaço mais forte é o “pa”, mas a criança faz o “to”, falando “patô”.

3- Pausas inadequadas entre os sons e as sílabas, o que gera lentidão ou interrupção na fala. Quando existe essa quebra, a criança apresenta uma fala de difícil entendimento.

 

4- Bebês muito quietos, silenciosos ou com pouco balbucio de sons.

5- Bebês que demoram muito para emitir as primeiras palavras simples como “papá” e
“mamã”

6- Têm boa compreensão, mas grande dificuldade para expressar-se.

7- Produzem sons inadequados da fala. Comunicam-se apenas com vogais, não produzindo consoantes como por exemplo: “aião” no lugar de avião. Ou acabam por falar sílabas isoladas como “pa” no lugar de papai ou ainda conseguem apenas falar sons mais fáceis como o do M e do P.

8- Possuem perda de palavras ou sons anteriormente produzidos.

9- Apresentam aumento dos erros com a quantidade de sílabas. Acabam por mostrar facilidade para falar palavras curtas como “ai”, “dá”, “pé“, mas apresentam dificuldade para manter a sequência correta de sílabas em palavras mais prolongadas.

10- Crianças dispersas que não olham olho no olho ou se mostram indiferentes a várias
situações.

No atraso motor de fala

Deslizamento lateral/horizontal da mandíbula.

Menor capacidade de controlar a altura da mandíbula (especialmente  para vogais médias, por exemplo, [e], [o], [ɛ] e [ɔ]) , ou amplitude excessiva de movimento da mandíbula (por exemplo, boca muito aberta para /a/).

Dificuldade em arredondar e retrair os lábios com precisão ou movimentos retraídos excessivos dos lábios superiores.

Sugere-se que, no atraso motor de fala, a fisiopatologia esteja relacionada à execução neuromotora, especificamente, há um atraso na maturação do sistema motor da fala, causando dificuldade na precisão articulatória, estabilidade da fala, voz e prosódia.

O que causa?

Os transtornos motores de fala estão relacionados a diferentes causas, podendo ser uma manifestação única ou uma condição dentro de um quadro mais amplo de dificuldades que a criança apresenta.

Pode ser causada por alguma infecção, doença ou trauma durante ou após o nascimento da criança. E nesta categoria estão inclusas aquelas crianças que tem achados positivos em exames como Ressonância ou com lesão cerebral.

Também pode ocorrer secundariamente a outras condições, de origem genética, metabólica ou doenças mitocondriais (Autismo, Síndrome de Down, Síndrome do X-Frágil).

Também nos casos de galactosemia, algumas formas de Epilepsia, alguns tipos de translocações ou deleções cromossômicas.

E há casos onde a causa é desconhecida e a maioria das crianças com transtornos motores de fala estão nessa categoria.

Como diagnosticar?

Por tratar-se de um distúrbio motor que afeta o desenvolvimento da fala, o profissional capacitado para avaliar, diagnosticar e determinar o plano de tratamento é o fonoaudiólogo.

Este profissional deve ter experiência e conhecimento nas áreas de linguagem infantil, motricidade orofacial e distúrbios motores da fala.

A avaliação multidisciplinar com neuropediatras, geneticistas, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos pode se fazer necessária.

Importante saber

O tratamento para apraxia é considerado longo. Depende de vários fatores, tais como idade do diagnóstico, experiência e abordagens terapêuticas utilizadas pelo fonoaudiólogo, do envolvimento da família, da colaboração da própria criança, da intensidade do tratamento (crianças que são atendidas com mais sessões, evoluem mais rapidamente) e, também, das necessidades da criança, que são dinâmicas e que vão sendo analisadas no decorrer de todo o processo terapêutico.

Crianças com Apraxia são consideradas de risco para apresentarem dificuldades no processo de alfabetização, nas habilidades de leitura e escrita.

A apraxia foi estimada em 1 a 2 crianças por 1.000. Foi estimado ser maior em crianças do sexo masculino do que em crianças do sexo feminino com uma proporção de 2-3:1. Crianças com apraxia foram relatadas como tendo maior probabilidade de distúrbios concomitantes de linguagem, leitura e/ou ortografia.

Crianças com atraso motor da fala são 3-4 vezes mais comuns na clínica pediátrica do que crianças com apraxia. Cerca de 10 a 12% das crianças que apresentam dificuldades com sons são atraso motor de fala, com uma prevalência populacional de 4 crianças por 1.000.

Além da alteração na produção dos sons da fala, a dificuldade de planejamento dos movimentos pode também afetar a coordenação motora fina e grossa da criança, dificultando, desde a forma de pegar no lápis (ideacional), por exemplo, até o movimento necessário para andar e pular (membro-cinética).

A intervenção PROMPT é uma abordagem de intervenção clinicamente eficaz para crianças com transtornos motores da fala severos (subtipo atraso motor de fala).

Fonte de consulta: (https://apraxiabrasil.org – https://www.asha.org – Shriberg, L. D.,
Kwiatkowski, J. & Mabie, H. L. Estimates of the prevalence of motor speech disorders in
children with idiopathic speech delay. Clin Linguist Phon. 33(8), 679-706 (2019) –
Namasivayam, A. K., Huynh, A., Granata, F., Law, V., & van Lieshout, P. (2020). PROMPT
intervention for children with severe speech motor delay: a randomized

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